quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Eles têm melhores ordenados que elas

Os dados são da deputada Ho Sio Kam: a diferença salarial entre homens e mulheres está a aumentar todos os anos. A presidente da Associação de Educação de Macau, nomeada pelo Chefe do Executivo à Assembleia Legislativa, falou ontem em plenário para pedir igualdade de género no trabalho e na política. Defende também que o Conselho Consultivo dos Assuntos das Mulheres deve passar a abranger todas as classes sociais.
“Em 2009, o rendimento médio das mulheres correspondia a 80 por cento do salário dos homens, mas em 2009 este valor diminuiu para 78 por cento. A diferença entre os rendimentos dos homens e das mulheres tende a aumentar de ano para ano”, afirmou Ho Sio Kam, que participou em Novembro no Fórum Internacional sobre Mulher e o Desenvolvimento Sustentável, organizado em Pequim. A deputada citou sondagens de 2009 para concluir que 70 por cento das mulheres de Macau dizem não ter sido promovidas nos últimos cinco anos. “Isto mostra que, nos últimos dois anos, a mudança do estatuto social das mulheres para cargos mais elevados é pequena”, rematou.
A deputada defende que o Governo deve “proporcionar oportunidades de participação económica e profissional” – quase dez por cento das mulheres entre 45 e 54 anos estão já reformadas – e propõe também mudanças no órgão consultivo que fala pelo género feminino junto do Executivo. “É necessário unir todas as mulheres das diferentes classes sociais e elevar a sua consciencialização de participação na vida política”, defendeu Ho, que pede ao Governo para alargar a representatividade do Conselho Consultivo.
Para confirmar “o baixo nível de participação da mulher” na política, Ho Sio Kam lembrou que entre os cinco secretários “apenas uma é mulher” e contou as quatro deputadas com assento nos 29 lugares da Assembleia. A dirigente associativa sugere um “reforço da capacidade feminina” e avança para o campo da Educação – dos 5104 docentes que dão aulas em Macau, 3753 são mulheres.
“A equipa de professoras em Macau constitui uma força de elite no âmbito da gestão social e da prestação de serviços sociais”, apontou Ho Sio Kam, para quem as mulheres “têm vantagens relevantes no âmbito da manutenção da ordem e estabilidade social”. As professoras, exemplificou, conseguem manter “um contacto mais estreito com as encarregadas de educação, conhecendo bem a respectiva situação social”.
“Caso este impacto feminino seja efectivamente aproveitado, isto contribuirá para consciencializar as mulheres a participar nos assuntos sociais”, defendeu. Estatísticas à parte, Ho Sio Kam acha que as mulheres “têm ainda de ser fortes e autónomas, e devem atrever-se a assumir responsabilidades”. S.N.

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